Sunday, May 28, 2006

Á beira mar ...

No fim de tarde com um por do Sol daqueles que nos tira a vontade de ir para casa, lá estava eu, o Pedro e o pai nas Azenhas do Mar. Ele já gosta de sair!


Friday, May 26, 2006

FLORBELA ESPANCA


"Tenho por ti uma paixão
Tão forte tão acrisolada,
Que até adoro a saudade
Quando por ti é causada"

"Que filtro embriagante
Me deste tu a beber?
Até me esqueço de mim
E não te posso esquecer..."

"Beija-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves, cantando, ao sol, no mesmo ninho..."

"Beija-mas bem!...Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!... "

Friday, May 19, 2006

PEDRO


Andando pela net fui, como muita vezes acontece, dar uma olhadela para ver se há novidades sobre Sindroma de Asperger.
E como sempre, as recordações voltaram.
Revi o tempo em que o Pedro era uma criança tão “normal” como as outras, o tempo em que sorria, muito direito na sua cadeirinha de rua, como as pessoas reagiam à sua passagem, por mais que estivesse calado todos olhavam para ele e ficavam ali com aquele sorriso idiota, que nós adultos temos quando vimos uma criança que nos agrada à vista e ao coração.
E depois, quando tinha cerca de 2 anos, tudo mudou!
Deixou de querer sair à rua, não queria comer, chorava (aparentemente) sem razão nenhuma, deixou de falar ou vocalizar, não queria ser abraçado ou beijado, quando brincava era sempre de costas para nós, deixou de querer estar ao colo, só queria estar na cama com o quarto numa penumbra constante, não olhava nos olhos e gritava constantemente.
E o inferno começou!
Levei 1ano a dizer ao médico de família que se passava qualquer coisa com o Pedro, ao ponto de termos uma grande discussão na entrada do Centro de Saúde do Pinhal Novo (na altura morávamos lá). A resposta dele foi que o Pedro sabia que os calados é que tinham razão!
O Pediatra do Centro ouviu a troca de palavras (acho que até na rua se ouviu!), e quis falar comigo. Pediu para ver a criança no mesmo dia e só teve que olhar para o Pedrocas para ver que eu tinha razão!
Mandou-me para a Estefânia e lá fui eu!
Mais dois anos sem se saber o que ele tinha!
Entretanto tive que deixar de trabalhar pois ninguém queria ficar a tomar conta dele.
Como não tenho muita paciência para esperar sentada, comecei eu a procurar. Li livros, revistas medicas, jornais … sabem lá!
O tempo passava e a minha vida cada vez mais estranha. Não podia ir ás compras quando era necessário (ele não entrava em loja nenhuma - 3 pessoas e já era uma multidão) tinha que esperar que a minha mãe pudesse ficar com ele, a minha vida com o pai a deteriorar-se (pensei seriamente em cada um ir para seu lado, porque a situação só dificultava a minha vida já de si tão difícil), cada vez se afastava mais da criança porque ninguém entendia porque é que não se podia beijar, abraçar ou brincar com ele.
Passava muito tempo em casa e lá fui me adaptando aos “humores” do pequenote, via muita televisão (até ao enjoo) mas era só o que tinha.
Um dia estava a ver o canal Odisseia e para meu espanto vejo um programa em que as crianças eram todas como o Pedro…. Fiquei logo com as antenas no ar e naqueles 40 minutos aprendi tanto como numa vida inteira. Afinal o problema do meu filho tinha nome coisa que na Estefânia (Consulta de Desenvolvimento) ainda não sabiam!
Agradeço aos médicos do H. D. Estefânia todos os esforços empreendidos, pelo menos muitas coisas foram eliminadas, tais como: atraso mental, lesões cerebrais etc.…
Então a net foi a minha tábua de salvação, nisso também tive a ajuda do Tony que lá começou a se interessar por tudo o que se estava a passar. Não o censuro pelo seu afastamento, foi um choque muito grande ver que tinha um filho diferente, e sabendo de antemão que não haveria mais filhos (por opção e não por outro motivo).
Com o que vi no programa do Odisseia, aprendi a lidar melhor com o meu filho, aprendi que o que ele tinha era uma alteração de comportamento e como tal tinha que o “aliciar” a fazer as coisas. Li tudo o que pude sobre o Instituto de Todas as Mentes Diferentes (EUA), e foi assim que soube que o meu filho é um Aspi (Sindroma de Asperger).
Em Setúbal só havia uma escola que o iria aceitar, em 2006, (estávamos em 2000) não queria que ele fosse para a escola do Ensino Especial em Alhos Vedros (ele não tem atraso mental), o meu marido trabalhava em Lisboa (Torres de Lisboa) e soube (não sei como) que havia uma escola perto do trabalho dele que tinham um tipo de ensino diferente.
E lá fomos nós de armas e bagagens para a Estrada da Luz em Lisboa!
Trocamos o nosso Duplex de 6 assoalhadas e 3 casas de banho, em Vila Maria (um condómino quase fechado), por uma casa de porteira.
Esta escola alem de ter o Ensino Básico tem Pré – Primaria e também tem um núcleo de crianças surdas-mudas. Quando fui falar com a Directora ficou logo assente que o Pedro iria entra em Setembro, porque a Escola estava a alargar os horizontes em relação a crianças diferentes.
Tinham crianças com Trissomia 21, Deficiência Confirmada (Paralisia Cerebral), alem dos surdos-mudos e era uma maneira de aprenderem a lidar com Autistas (tendo crianças com vários problemas sempre tinham a chance de dar mais formação as Educadoras).
Estávamos em Março – Abril e o Pedro foi para a escola em Setembro.
Muitas Luas passaram no meu céu mas isso fica para a próxima vez que a Loba uive!

EU!


Este será o meu eu mais calado.